CHEIRO DE PIZZA NO SENADO

Os três senadores suspeitos de integrar a máfia dos sanguessugas — Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT) — foram notificados ontem pelo Conselho de Ética e têm até a terça-feira para apresentar a defesa prévia. O presidente do Conselho, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), informou que no mesmo dia tomará a decisão de abrir ou não processo contra eles. “Se eu não aceitar a defesa prévia, caminho para indicar os relatores”, avisou.
João Alberto tem poderes de decidir solitariamente sobre o processo. Se aceitar a defesa dos colegas, pode mandar o caso ao arquivo. Ao longo do dia, deu declarações interpretadas como sinal de absolvição prévia, isto é, de pizza. “O Vedoin (Luiz Antônio Vedoin, sócio da Planam) é um bandido. E o que bandido diz eu já aceito, é?”, questionou. Procurado pelo Correio, ele negou que esteja preparando a pizza, mas manteve o tom. “Temos que respeitar o mandato, são senadores da República! Agora, se houver provas, eu cortarei na carne. Vou apurar com muito equilíbrio, como determinou o Renan”, disse, evocando o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), espécie de mentor político do ex-líder do PMDB Ney Suassuna.
São justamente contra o paraibano os indícios mais consistentes recolhidos pela CPI dos Sanguessugas. Um assessor dele, Marcelo Carvalho, recebeu R$ 225 mil da Planam. A Polícia Federal gravou conversas em que Marcelo demonstra forte ligação com a quadrilha. O nome de Suassuna é citado em diversas ocasiões, sempre em apoio às demandas da máfia. Há duas semanas, o próprio Marcelo disse ao senador Romeu Tuma (PFL-SP) que não fazia nada sem avisar antes ao chefe. Suassuna acusa o ex-auxiliar de ter usado seu nome indevidamente.
Carro da Planam
Magno Malta, por sua vez, é acusado de ter usado por um ano um Fiat Ducato fornecido pela Planam. Em contrapartida, faria emendas de interesse da empresa no Orçamento da União. Malta diz que não há emendas individuais subscritas por ele prevendo a compra de ambulâncias para municípios do Espírito Santo, o que é verdade. Mas admite ter usado o veículo. Diz que foi um empréstimo do deputado Lino Rossi (PP-MT), um dos mais implicados com os sanguessugas.
Contra Serys Slhessarenko pesa o depoimento de Luiz Antônio informando ter negociado com o genro dela, Paulo Roberto Ribeiro, a apresentação de emendas em troca de propina. Paulo Roberto confirmou à Polícia Federal ter recebido o pagamento, mas afirma que ele se refere ao fornecimento de equipamentos médicos.
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