FERNANDO CALDEIRA - e-mail: caldeira.fernando@bol.com.br - Retórica e práxis política em Maranhão e Cássio.

Me restringirei a análise da retórica e práxis política unicamente dos candidatos José Maranhão (PMDB) e Cássio Cunha Lima (PSDB) por serem, ambos, os dois mais fortes concorrentes ao Palácio da Redenção e, também, por serem eles os únicos entre todos os candidatos ao Governo que já tiveram a experiência administrativa de gerenciar o Estado da Paraíba.
Diz o Aurélio: retórica = eloqüência, oratória, adornos empolados e pomposos de um discurso; práxis = atividade pratica, ação, exercício, uso.
Pois bem, ambos, Maranhão e Cássio já foram candidatos e já foram ou estão governadores. Portanto, já exerceram a retórica e a práxis política, e assim já podemos analisá-los sob esses dois aspectos.
Na questão retórica, confesso, pouca diferença entre um e outro na construção dos discursos. Afinal, ambos falam em desenvolvimento, em geração de emprego e renda, em turismo, em segurança pública, em melhoria salarial dos funcionários, em melhoria no setor da saúde, melhoria na educação, e por aí vai. Claro que cada qual com suas características discursivas mas, no geral, muito iguais.
Aliás, cabe aqui um parêntese pois, se formos analisar retoricamente os demais candidatos, inclusive os candidatos de outros Estados, constataremos que todos pregam e dizem querer as mesmas coisas. Difícil, pois, separá-los ou qualificá-los pela retórica. Por ela, realmente “todo político calça 40.”
Mas ainda temos a práxis, ou seja, a prática política. No nosso caso específico, temos a práxis de dois concorrentes que já estiveram a frente do Governo.
José Maranhão (PMDB) governou a Paraíba por praticamente 8 anos consecutivos, e Cássio vai chegando aos 4 anos de governo. Será se, como na retórica, na prática eles também parecem iguais?
Sejamos honestos, não se parecem. Aliás, não se parecem nem um pouco! Não porque eu queira diferenciá-los, mas porque suas práxis políticas são imensamente díspares. Não sei se por diferença de idade, de filosofia política, de visão de mundo..., só sei que entre Maranhão e Cássio a práxis política é bem diferente.
Senão vejamos: nos governos Maranhão I e II, e as páginas da história registram, observamos vários movimentos reivindicatórios e grevistas. E qual foi o posicionamento do então governador? No caso do magistério, o governo lançou mão da polícia e da truculência. Resultado: greve de fome dos professores da UEPB que queriam apenas ser recebidos em audiência. No caso da greve dos próprios policiais, o que fez o governo? Lançou mão de tropas federais (exército) para reprimir os PMs acampados na Praça João Pessoa.
Muitas foram naqueles anos as reivindicações por melhorias salariais. Apesar disso, nos 8 anos de administração, nenhum aumento salarial linear foi dado aos servidores. Vê-se, aqui, que entre a retórica de campanha e a práxis política do governante há um hiato, um fosso, um abismo intransponível.
E no caso de Cássio?
No atual governo, que completa 4 anos em dezembro próximo, tivemos igualmente movimentos reivindicatórios, porém sem o registro de greves. No caso do magistério, o governador recebeu as representações da categoria por diversas vezes, sempre deixando aberta a porta do diálogo. E foi através dele que se conseguiu chegar a um denominador comum. Desta vez não se ocupou a Polícia Militar para tratar de assuntos de educação!
No caso da própria Polícia Militar, e também da Polícia Civil, igualmente o diálogo foi a grande arma.
Na questão salarial dos funcionários, que continuam a receber salários aquém dos merecidos, houve um aumento linear para todos depois de 10 anos. Ou seja, diferente de outros, em Cássio retórica e práxis se aproximam mais.
Cabe saber se, no dia da eleição o eleitor vai decidir pela retórica descolada da práxis, ou pela retórica mais aproximada de prática?
As urnas vão dizer!


“UM PENSAMENTO QUE NÃO RESULTA EM AÇÃO NÃO É MUITA COISA, MAS UMA AÇÃO QUE NÃO PROVÉM DE UM PENSAMENTO NÃO É COISA NENHUMA.” (George Bernanos)

Tenho dito!