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8.28.2006

Promotora de Justiça identifica e polícia prende assaltantes de ônibus

Uma atitude de coragem e audácia fez com que a promotora de Justiça Ana Caroline Almeida, da promotoria da Comarca de Cajazeiras, conseguisse ajudar a polícia civil a identificar e localizar quatro, dos cinco assaltantes, dentre eles três menores, que na madrugada da sexta para o sábado, no último final de semana, assaltaram um ônibus que vinha de Cajazeiras com destino a João Pessoa.

Conforme relatou a promotora Ana Caroline, o ônibus, do tipo leito, saiu de Cajazeiras às 11h da sexta-feira (18), estava com todas as cadeiras ocupadas. Além dela, viajava também a juíza da Comarca e um médico legista.

“Acredito que tudo o que aconteceu tenha sido providência divina, pois, geralmente quando viajo, não me sento na frente, mas nesse dia, por não ter mais assentos vagos, na parte traseira do ônibus, tive que comprar a passagem para a primeira cadeira. Vinha ouvindo músicas evangélicas e louvando a Deus, quando já eram 3h da madrugada, há uns, 3 Km da zona rural de Juazeirinho, os assaltantes colocaram pedras e tábuas com pregos na estrada, para forçar a parada do ônibus. O motorista ainda tentou desviar, mas eles efetuaram dois disparos, que quase me atingiram, pois durante a perícia feita no ônibus foi encontrada a perfuração das balas próxima à cadeira em que estava sentada. Assim que percebi o assalto tomei a decisão de tentar identificar um dos assaltantes, fosse pelo olhar ou pela voz”, disse a promotora.

Os assaltantes, armados e encapuzados, entraram no ônibus, renderam os passageiros e mandaram o motorista deixar a Br 230 e entrar em uma estrada paralela. Ana Caroline disse que conseguiu esconder a carteira de promotora. “Eles falavam alto, mandado todo mundo passar os pertences, dinheiro, celulares e até as bagagens. Eles estavam muito nervosos e pagavam o dinheiro sem olhar o valor, iam colocando no bolso. Após o assalto, fugiram por dentro do mato”.

O motorista tentou retornar para a estrada, mas, por ser o ônibus muito grande, não conseguiu. “Ele foi em frente sem noção nenhuma de onde estávamos, pois estava abalado e tinha apanhado muito. A certa altura senti a necessidade de mandar o motorista parar, qual não foi nossa surpresa, ao percebermos que se o motorista tivesse continuado o ônibus ia cair em um desfiladeiro”, disse a promotora.

Quando conseguiram retornar para a Br, os passageiros tentaram parar os carros que passavam, mas sem êxito, segundo a promotora. Foi necessário que alguns passageiros se jogassem na frente dos carros para que parassem. Eles foram levados para a cidade de Junco do Seridó, onde a promotora providenciou para que fosse feito o boletim de ocorrência. “Como era madrugada e a delegacia da cidade estava fechada foi necessário que ficássemos esperando até o dia amanhecer para que pudéssemos fazer o registro da ocorrência. De início alguns passageiros queriam ir para Campina Grande, mas me identifiquei e tomei a atitude de mandar providenciar um delegado, ou mesmo, um escrivão para ouvir o pessoal, que só chegou quando o dia estava amanhecendo”, disse Ana Caroline.

A promotora decidiu buscar a identificação dos assaltantes e disse aos policiais que pela voz e pelos olhos conseguiria identificá-los. Os policiais disseram que tinha um rapaz que estava sendo acusado de praticar assaltos à mão armada na região e foram buscá-lo na casa dele. Ao chegar na delegacia a promotora, junto com os policiais civis, fizeram com que o rapaz repetisse em voz alta algumas frases que os assaltantes haviam dito durante o assalto. “Ao falar, o rapaz disse um palavrão que repetia constantemente durante o assalto e foi quando tive a certeza de que ele tinha participado do assalto”, comentou a promotora.

Para ter mais certeza a promotora pediu ao médico que verificasse as mãos do rapaz, onde se constatou que estavam cortadas, com feridas recentes. Após mais essa evidência, os policiais descobriram, através da avó do rapaz, que ele havia saído no meio da noite e retornado às 4h da manhã e que andava em companhia de um outro rapaz chamado neguinho. Foram à procura de neguinho e, na casa dele, encontraram um colete contendo a quantia de R$ 300 reais e o aparelho celular pertencente ao médico.

Ao chegar na delegacia, o segundo acusado, pego de surpresa, pois estava dormindo, encontrava-se com o relógio da juíza. Após todas as evidências os dois identificaram os demais assaltantes, que foram presos, escapando o chefe da quadrilha.

“Foram recuperados mais de mil reais em dinheiro, alguns celulares, jóias, objetos pessoais e bagagens dos passageiros. Na casa de um dos assaltantes encontramos os capuzes e as armas, dentre elas, uma era de brinquedo. Eles também nos mostraram o local dentro do mato onde haviam abandonado uma parte do que foi roubado. Eu, enquanto membro do Ministério Público, tomei as dores e me senti responsabilizada em, pelo menos, tomar a atitude de provocar as diligências. Eu havia perdido pouco, apenas R$ 10, porém muitas pessoas haviam perdido muito dinheiro e objetos de valor”, concluiu Ana Caroline Almeida.

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