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11.26.2006

FERNANDO CALDEIRA - Nepotismo: teoria e prática.

Volto ao assunto pela atualidade de seu debate na Paraíba.
Há alguns anos vem se debatendo a necessidade de se pôr fim ao nepotismo que, nos ensina o Aurélio, é a “autoridade que os sobrinhos e outros parentes do Papa exerciam na administração eclesiástica; favoritismo.”
Ou seja, ter um governo ou uma administração nepótica é ter parentes próximos a ‘auxiliar’ na condução da coisa pública. E pior: é ter parentes escolhidos não necessariamente pelas suas capacidades, mas tão somente por serem parentes, ficando aí patente o favoritismo de que nos falava o crítico, ensaísta, tradutor, lexicógrafo e filólogo alagoano.
De tal forma pernicioso à administração é que, resumindo, nepotismo deveria pertencer tão somente ao passado, aos livros de história antiga. Infelizmente, ainda faz parte do nosso dia-a-dia e, tão presente está na nossa vida pública, que é parte integrante de nossa historiografia contemporânea.
Mas já foram dados passos importantes no seu combate, que servem de exemplo a administradores reticentes em findá-lo. É o caso do Prefeito de Santa Rita (PB), Marcus Odilon Ribeiro Coutinho (PMDB) que, como primeiro ato seu ao assumir aquela edilidade em 2004, baixou decreto proibindo, terminantemente, a contratação de parentes em cargos comissionados. Com esse gesto, pôs fim ao nepotismo que poderia existir ou que pudesse vir a existir!
Mas recentemente, o exemplo veio do Palácio da Redenção, com o Governador Cássio Cunha Lima (PSDB), baixando Medida Provisória dando prazo de 90 dias para que todos os parentes, até terceiro grau, do Governador, dos Secretários e dos demais cargos de chefia na administração pública estadual, sejam exonerados de suas funções. Pronto, está decretado o fim do nepotismo no âmbito estadual!
Nesses dois exemplos próximos que citamos, vemos que à teoria anti-nepotismo tantas vezes utilizada nos palanques eleitorais, existe uma prática política coerente. Ou seja, se diz, e se faz!
Mas, infelizmente, não é regra esse comportamento. Ao contrário, é exceção! A regra é o nepotismo vergonhosamente implantado nas administrações públicas de cidades pequenas, médias e grandes, indistintamente.
E o pior é que, políticos tidos como de esquerda, e portanto ligados aos movimentos sociais e avançados, também refugam a tese de decretar-se o fim do nepotismo em suas administrações, lamentavelmente.
É o caso, por exemplo, infelizmente, do Prefeito Ricardo Coutinho (PSB) que, em declarações recentíssimas à imprensa paraibana, disse que não enviará à Câmara Municipal qualquer Medida Provisória, nem baixará decreto, nem proporá Projeto-de-Lei algum pondo um ponto final no nepotismo porque, segundo ele, “não existe nenhuma nomeação na Prefeitura de João Pessoa que favoreça qualquer núcleo familiar.”
Acontece que, quando na oposição, seja como vereador, seja como deputado estadual, Ricardo Coutinho sempre se insurgiu contra a prática do nepotismo, pelo menos na teoria.
Ora, o Prefeito hoje é o sr. Ricardo Coutinho que diz, e nós acreditamos, que não há favorecimento familiar em sua administração. Mas amanhã o Prefeito poderá ser outro, e as práticas, quem sabe, também outras. De tal forma que, fazendo como fez o Governador Cássio ou o seu colega Marcus Odilon em Santa Rita, ele estará passando no papel o fim do nepotismo que diz não existir e, assim, dificultando enormemente a volta dessa prática deplorável em futuras administrações.
Outrossim, é preciso que se diga que, no início de sua gestão, a imprensa publicou que dois ou três irmãos ou irmãs do sr. Ricardo Coutinho tinham cargos na Prefeitura. Pelo sim, pelo não, melhor é o Prefeito, no papel, pôr fim ao nepotismo. De boca, só, não vale!
Resumo da ópera: só quem sobe nos palanques é a teoria. A prática, depois, a modifica!

SOLTAS

... o Brasil precisa pôr fim também à reeleição, e voltar a votar para suplente de senador, vice-prefeito, vice-governador e vice-Presidente da República!

... alô Prefeitura de João Pessoa: a praça Sílvio Porto, em Manaíra, está uma vergonha para administração que se diz zelosa com o patrimônio público!

... PT e PMDB são iguais: o primeiro quer cargos na Prefeitura de Ricardo Coutinho, e o segundo quer Ministérios na Presidência de Lula. Qual a diferença?

... uma fonte me adiantou que nada mudará na Prefeitura de Cajazeiras, mesmo depois da reunião do Prefeito e seu Secretariado no próximo dia 1º. “É só pra inglês ver”, afirmou.

... o PFL tem direito de ‘brigar’ pela Presidência da Assembléia Legislativa da Paraíba.

... muito bom, e por isso recomendo, a leitura do BLOGDOPATRICK, uma grata surpresa mesmo!!!


“EMBORA NINGUÉM POSSA VOLTAR ATRÁS E FAZER UM NOVO COMEÇO, QUALQUER UM PODE COMEÇAR AGORA E FAZER UM NOVO FIM.” (Chico Xavier).

Tenho dito!

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